segunda-feira, 27 de agosto de 2018

O mel para tratar a tosse


A utilização frequente de antibióticos para tratamento de tosses leves pode desencadear resistência bacteriana

Quando estiver com tosse, prefira como opção de tratamento o mel natural no lugar de antibióticos, aconselham novas diretrizes de saúde do Instituto Nacional de Saúde e Cuidados Excellence (NICE, na sigla em inglês) e a Public Health England (PHE), na Inglaterra. De acordo com especialistas, as tosses podem ser facilmente tratadas dentro de poucas semanas sem a necessidade de antibióticos. 

“Se alguém tem nariz escorrendo, dor de garganta e tosse, esperamos que o problema seja resolvido dentro de duas a três semanas, portanto, os antibióticos não são necessários”, disse Tessa Lewis, presidente do grupo de orientação antimicrobiana da NICE, ao The Independent. A procura por um clínico só é recomendada no caso de tosse prolongada que cause falta de ar ou se o indivíduo sentir que está de fato muito doente e não consegue melhorar sem medicação.

Para casos especiais, como tosse aguda ou condição preexistente (doença pulmonar ou fibrose cística), aconselha-se procurar o médico o mais rápido possível. “Esta diretriz dá aos profissionais de saúde e pacientes as informações necessárias para fazer boas escolhas sobre o uso de antibióticos. Encorajamos somente quando uma pessoa está em risco de complicações posteriores”, comentou Mark Baker, diretor do centro de diretrizes do NICE, ao The Telegraph. 

Alternativas eficientes

Além do mel, já conhecido por suas propriedades atenuantes, medicamentos disponíveis para compra sem receita podem ajudar a aliviar a tosse por terem em sua fórmula vários ingredientes terapêuticos, como pelargonium, guaifenesina e dextrometorfano. A combinação do mel com limão, gengibre ou bebidas quentes também é um remédio caseiro clássico e efetivo para tosses e dores de garganta.

De acordo com o The Telegraph, a orientação ainda destacou o resultado de pesquisas anteriores que mostraram como o mel foi capaz de reduzir significativamente a frequência e a gravidade das tosses em comparação com tratamentos à base de placebo – substância sem propriedades farmacológicas geralmente usadas na realização de estudo para fins de comparação.

No entanto, o mel não é recomendado para crianças com menos de 1 ano, já que ocasionalmente contém bactérias que podem causar botulismo infantil. De acordo com o Ministério da Saúde, o botulismo infantil é um tipo intestinal muito frequente em crianças com idade entre 3 e 26 semanas. Uma das principais causas é a ingestão de mel de abelha nas primeiras semanas de vida. Essa doença pode ser responsável por 5% dos casos de morte súbita em lactentes.

domingo, 26 de agosto de 2018

Álcool prejudica a saúde mesmo com moderação, afirma estudo global


De acordo com pesquisa publicada hoje (23 de agosto de 2018), cerca de 3 milhões de mortes em 2016 estavam associadas ao álcool, incluindo 12% das mortes entre homens de 15 e a 49 anos

Se você, assim como 2 bilhões de pessoas ao redor do mundo, não dispensa uma bebida alcoólica na hora de descontrair, melhor repensar seus hábitos. Um estudo global publicado hoje pela prestigiada revista de medicina The Lancet mostra como o consumo de álcool, até mesmo moderado, pode estar associado à uma série de prejuízos à saúde.

O mito de que um ou dois drinques por dia é bom para você é um mito”, afirma Emmanuela Gakidou, pesquisadora do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME em inglês) da Universidade de Washington e uma das principais autoras do estudo, que faz parte do Estudo Global da Carga de Doenças (conhecido pela sigla em inglês de GBD), responsável por avaliar a mortalidade e a incapacidade provocada por doenças ao redor do mundo.

De acordo como o estudo, só em 2016, quase 3 milhões de pessoas morreram ao redor do mundo devido a causas ligadas ao álcool, incluindo 12% das mortes entre homens de 15 e a 49 anos.

Os riscos à saúde associados ao álcool são massivos”, afirma Gakidou. “Nossas descobertas estão de acordo com uma outra pesquisa recente, que encontrou correlações claras e convincentes entre a bebida e [casos de] morte prematura, câncer e problemas cardiovasculares. Consumo zero de álcool minimiza o risco geral da perda de saúde”, recomenda.

Participaram deste estudo cerca de 500 colaboradores de mais de 40 nacionalidades associados ao GBD. No total, foram consultadas 694 fontes sobre o consumo de álcool, além de 592 estudos sobre os riscos da bebida.

Com esse amplo banco de dados, o estudo conseguiu avaliar resultados e padrões do consumo de álcool relacionados à saúde entre os anos 1990 e 2016, em 195 países e territórios; além de analisar relações entre idade e gênero.

Os pesquisadores usaram dados de todas as mortes relacionadas ao álcool — sem distinguir entre cerveja, vinho e licor — e confrontaram com resultados na saúde para determinar essas conclusões.

“Com a maior base de dados coletada até o momento, nosso estudo torna clara a relação entre saúde e álcool — beber causa uma perda de saúde substancial, e em uma miríade de formas, por todo o mundo”, diz Max Griswold, pesquisador do IHME e líder da nova pesquisa.

Álcool ao redor do mundo

Os padrões do consumo de álcool variam amplamente de país para país e por gênero, além do consumo médio por pessoa e da carga de doenças atribuídas. Em 2016, mais de 2 bilhões de pessoas consumiram álcool ao redor do mundo, dos quais 63% eram homens.

Alguns dos países com as populações que mais consomem álcool são a Dinamarca, Noruega, Argentina, Alemanha, Polônia, França, Coreia do Sul, Suíça, Grécia, Islândia, Eslováquia, Suécia e Nova Zelândia. Já entre os mais “sóbrios” estão o Paquistão, Bangladesh, Egito, Mali, Marrocos, Senegal, Mauritânia, Síria, Indonésia, Nepal, Butão, Myanmar e Tunísia.

No que diz respeito às mortes associadas a bebida, os países islâmicos (que proíbem o consumo) também se destacam entre os que tem menos casos, se concentrando no Oriente Médio. São eles: Kuwait, Irã, Palestina, Líbia, Arábia Saudita, Iêmen, Jordânia, Síria, Maldivas e Singapura.

Os que possuem mais casos fatais estão concentrados na região dos Países Bálticos, do Leste Europeu e da Ásia Central: Rússia, Ucrânia, Lituânia, Bielorrússia, Mongólia, Letônia, Cazaquistão, Lesoto, Burundi e República Centro-Africana.

Agora nós entendemos que o álcool é uma das maiores causas de morte no mundo hoje em dia”, diz Richard Horton, editor do Lancet. “Nós precisamos agir agora. Nós precisamos agir urgentemente para prevenir estes milhões de mortes. E nós podemos fazer isso.”

O estudo também fornece informações sobre prevalência de abstenção e prejuízos à saúde atribuídos ao álcool. Entre eles, doenças não-transmissíveis (como as cardiovasculares, casos de câncer, cirrose, diabetes, epilepsia), doenças transmissíveis (como as respiratórias, incluindo tuberculose) e lesões provocadas a si mesmo e aos outros pela violência.