terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Dieta sem glúten pode fazer mal à saúde?

Você pode substituir (insira aqui qualquer alimento) por linhaça (pois não tem glúten), diria uma famosa apresentadora de TV brasileira.


Mas uma dieta livre de glúten traz benefícios?

Produtos sem glúten estão por toda a parte nos supermercados e se tornaram, recentemente, a coqueluche dos adeptos de um estilo de vida mais saudável.

Na Grã-Bretanha, por exemplo, 7% dos adultos já afirmam que evitam o glúten devido a alguma "alergia" ou intolerância, de acordo com dados da consultoria internacional Minte.

Outros 8% da população afirmaram que evitam o glúten como parte de um "estilo de vida saudável".

O certo é que comer glúten pode gerar problemas graves de saúde para as pessoas que sofrem da doença celíaca. Mas qual é o benefício para o resto da população?

Para a maioria das pessoas, a dieta sem glúten não traz nenhum benefício prático.

O trigo, o centeio e a cevada integrais têm farelo, gérmen e endosperma, que são muito nutritivos pois têm fibras, ferro, vitamina B e cálcio.

Os alimentos livres de glúten foram feitos com grãos refinados e, por isso, só têm o endosperma e são menos nutritivos.

Se uma pessoa está pensando em abandonar o glúten, é importante que coma outros grãos como a quinoa e o trigo sarraceno.

O crescimento do mercado de produtos livres de glúten gerou lucros enormes, mas alguns dos produtos são criticados por conter altos níveis de gorduras e calorias.

O que pode levar a uma reação ao glúten?

Se uma pessoal realmente se sente mal ao consumir pães ou massas ou qualquer outra coisa que contenha glúten, é possível que ela apresente algum tipo de alergia, mas também pode ser uma intolerância ou uma doença autoimune.

Se este for o caso, as opções podem ser estas três abaixo:

Doença celíaca

É uma doença digestiva grave, de origem genética, que dura toda a vida de pessoa. Quando a pessoa ingere glúten, o sistema imunológico ataca a si mesmo, danificando as paredes do intestino delgado.

O resultado é que o corpo não consegue absorver corretamente os nutrientes dos alimentos.

A doença celíaca não é uma alergia alimentar e nem uma intolerância; trata-se de uma doença autoimune.

Não há cura e a única solução é seguir uma dieta sem glúten durante a vida inteira, inclusive se os sintomas forem mais leves.

Dados apontam que a doença celíaca atinge duas a três vezes mais mulheres do que os homens.

Alergia ao trigo

Essa é uma reação a um elemento dentro do trigo, não necessariamente ao glúten, e já ocorre segundos depois do consumo.

Se a pessoa é alérgica ao trigo, talvez possa continuar consumindo cevada ou centeio.

Além disso, produtos livres de glúten poderiam continuar causando a reação alérgica, pois podem conter outras partes do trigo.

Intolerância ao glúten

Essa é mais comum que a doença celíaca e a alergia ao trigo, não é genética e também não parece prejudicar o intestino.

Os sintomas de intolerância aos alimentos aparecem de forma mais gradual do que as alergias, muitas vezes só se manifestam horas depois de a pessoa ter comido algo com glúten.

Existe um debate sobre se o glúten é o culpado ou se o problema poderia estar em outros componentes do alimento que a pessoa deixa de consumir quando adota uma dieta sem glúten.

Por exemplo: se a pessoa corta o glúten da dieta, ela vai deixar de comer carboidratos refinados e os benefícios para a saúde que a pessoa pode ter poderiam estar associados a essa mudança.

Mas os alimentos sem glúten são saudáveis?

Se a pessoa tem doença celíaca ou uma intolerância ao glúten, isso não a obriga a ter uma dieta pobre em nutrientes.

Existem ingredientes que são melhores que os outros. Veja abaixo alguns deles e também algumas ideias de como usá-los. Bolos, biscoitos e tortas

- Farinhas livres de glúten

As farinhas de tapioca, batata ou arroz possuem mais carboidratos e menos proteína que a farinha de trigo. A farinha de grão-de-bico tem muita proteína e fibra e pouco carboidrato.

Para fazer tortas sem glúten, o melhor é misturar farinha caseira com nozes. As amêndoas, pistaches e avelãs são ideais e têm muita proteína e vitaminas B e E, e poucos carboidratos.

A farinha de sorgo ou de tapioca dá suavidade à massa, o que é ideal para tortas mais leves, funcionando muito bem para biscoitos e muffins.

As farinhas de batatas podem ser pesadas e as de grão-de-bico têm um gosto levemente amargo.

- Aglutinadores

As farinhas de trigo e centeio são usadas como aglutinadoras. Na falta delas, é possível usar a goma de guar ou a goma xantana (ou as duas juntas).

A goma de guar vem de uma semente asiática e a goma xantana é produzida por um microorganismo.

- Cereais

A maioria dos cereais consumidos no café da manhã tem algum componente de trigo e glúten.

Podem ser substituídos pela aveia, flocos de milho e alguns tipos de granola.

- Molhos e condimentos

O molho de soja, os molhos para saladas, o ketchup e a maionese costumam ter glúten.

Em todos os casos, há alternativas sem o componente e é preciso analisar bem os rótulos.

- Salgadinhos

Muitos aperitivos, como as batatas fritas ou os pretzels, têm glúten.

Mas eles podem ser substituídos por nozes, salgadinhos de milho, sementes ou batatas fritas sem glúten.

- Bebidas alcoólicas

Certas bebidas, como a cerveja e os licores, podem estar cheios de grãos que têm glúten.

Já existem cervejas sem glúten e a pessoa também pode tomar xerez (tipo de vinho espanhol) ao invés do licor.

Importante

Ainda que algumas pessoas façam um autodiagnóstico dizendo que têm a doença celíaca, alergia ao trigo ou intolerância ao glúten, os especialistas acreditam que há muitos casos leves da doença celíaca que ficam sem diagnóstico.

Se você apresenta sintomas, é importante consultar um médico para descartar a doença, principalmente se houver outros casos na família.

De acordo com o NHS, o SUS britânico, se a pessoa que tiver o problema continuar consumindo glúten, poderá ter problemas sérios como osteoporose e anemia, seja por falta de ferro ou de vitamina B12.

Apesar de não ser tão comum, se a doença celíaca não for tratada, também poderá gerar algumas formas de câncer.

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