Os psicólogos e médicos especialistas em nutrição preocupam-se com um possível novo distúrbio alimentar: a Ortorexia, que é a OBSESSÃO POR UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL, ligada a uma rigorosa restrição alimentar. Apesar de ainda não ser reconhecida oficialmente como um transtorno alimentar, o conceito, os sintomas e as características da ortorexia já vêm sendo discutidos pelos profissionais de saúde. “O cotidiano do ortoréxico se torna extremamente limitado devido ao padrão de alimentação”, explica a psicóloga Luciana Kotaka. Além disso, existe uma tentativa de “catequizar” quem convive, causando isolamento social.
De acordo com médica nutróloga Alice Amaral, comer é o primeiro prazer que os seres humanos provam em sua vida, então, o ortoréxico acaba transformando aquilo que é feito para ser bom em ALGO QUE GERA SOFRIMENTO. “A alimentação vira o centro da vida da pessoa. Ela gasta tempo planejando as refeições, dinheiro para poder comprar os alimentos que ela julga correto, pois se preocupa com a qualidade e a com a maneira com que é preparado”, fala.
Parte dessa obsessão vem da pressão da sociedade sob os padrões de beleza, mas a personalidade das pessoas também colabora para o surgimento da ortorexia. “Acredito também que se deva ao fato da crescente no assunto nutrição. Isso é ótimo, mas, infelizmente, as pessoas não procuram informações no lugar certo. É uma questão que vende muito”, conta a nutricionista Cátia Medeiros.
Quem prepara sou eu
Os especialistas comentam que indivíduos com baixa autoestima, pré-disposições para patologias psíquicas e ou que já apresentaram anteriormente um algum transtorno alimentar, como a bulimia ou a anorexia, são as mais sujeitas ao problema. “A pessoa começa a fazer dieta, se empolga com aquilo e perde a noção do que é normal. A linha da NORMALIDADE COMEÇA A FICAR MUITO TÊNUE”, esclarece Alice.
O ortoréxico, além de apenas comer alimentos naturais, prefere que ele mesmo prepare sua refeição, atentando-se também aos utensílios domésticos que serão usados. Nada pode “sujar” a comida. “Existe uma cerimônia na hora de se alimentar que foge do habitual. Comer fora de casa, nem pensar”, diz Alice. Por isso, o convívio social acaba sendo atingido e prejudicado.
Por só comer determinados alimentos que ele julga saudáveis, o ortoréxico pode apresentar deficiências nutricionais. “É uma dieta pobre, só com legume, fruta e verdura. Faltam nutrientes” alerta Cátia.
Essa dieta pobre pode causar de perda de peso até queda de cabelo, unhas mais fracas, mau funcionamento do intestino e outros problemas. “Ela tem até vontade de comer doce e não se permite”, fala Cátia.
Como ajudar
Se você observar que algum amigo ou familiar está passando por isso, a recomendação inicial é fazer com que a pessoa PERCEBA O PROBLEMA, embora seja complicado. Todo esse sofrimento pode passar despercebido pelo ortoréxico que, sob o argumento de se alimentar bem, vai acabar dificultando a identificação do problema.
Buscar ajuda médica é essencial. Quem vai CUIDAR do ortoréxico é UMA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR, ou seja, formada por profissionais de diferentes áreas. “Um psicólogo clínico especialista em transtornos alimentares vai trabalhar os aspectos emocionais que levaram ao desenvolvimento dessa doença”, explica Luciana. Já o nutricionista vai prescrever a alimentação correta, de acordo com as demandas nutricionais da pessoa. “O psiquiatra poderá medicar, caso seja necessário”, complementa a psicóloga.
Comer alimentos saudáveis é sim muito importante para a nossa saúde, mas fazer disso a razão da vida pode ser bem perigoso. “Alimentar-se TEM QUE DAR PRAZER, FELICIDADE E SAÚDE; e não sofrimento”, comenta Alice.
Fonte: CenarioMT/07.04.15
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